sexta-feira, 6 de julho de 2012

O charme da Ceira


Verão é sinónimo de piquenique e piquenique se preze tem que ser transportado numa destas alcofas, coloridas ou por colorir (num bege cheio de estilo), feitas em junco e também conhecidas por "ceiras".

E nós, nem de propósito, acabámos de receber uma mimosa remessa de um "Fabricante de Cestos de Verga e Vime" da prendada cidade de Barcelos. Já não há muito quem se queira dedicar a este trabalho mas a tradição vai persistindo teimosamente, em oficinas mais ou menos profissionalizadas (algumas ainda subsistem em residências familiares em que cada membro tinha a sua especialização). Como em pormenor nos explica o primeiro volume dos "Tesouros do Artesanato Português":

"O junco não se produz nesta região, por isso, vem do Alentejo e do Ribatejo. Todos se recordam de ver chegar camionetas cheias de junco à aldeia. Muitos homens têm essas viagens bem presentes na memória e contam histórias de um tempo em que ir até ao Alentejo era uma longa e atribulada façanha. Esta é outra singularidade desta produção artesanal que nasceu num sítio onde não há matéria-prima.(...)

O junco vem aos molhos, depois junta-se em mãozinhas, corta-se molha-se, mete-se no pote e enxofra-se vária vezes para ele aclarar. Porque ele vem mesmo preto. Depois escolhe-se `amedida que a gente quer, escolhe-se, tira-se algum mais preto e depois é que se trabalha."

Depois de urdido o junco, um cesto demora em média duas horas a tecer, num processo ilustrado aqui. E é mais um prodígio da produção artesanal portuguesa.

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