terça-feira, 16 de setembro de 2014

SOS Azulejo

Como forma de preservar as belas e luzidias fachadas do país inteiro, o Projecto SOS Azulejo alerta para a importância de comprar apenas fabrico contemporâneo (que se distingue pelo "tardoz" - ou verso - intacto). Como o da Viúva Lamego, que reproduz azulejos antigos, à venda n' A Vida Portuguesa.

Estes não saem da parede, que nós não deixamos. Era só o que faltava, depois dos anos que aqui passaram, a fazer crescer o puzzle das sobras das criações que saíam dos fornos da Viúva Lamego. Porque a mais célebre marca de azulejos portugueses pintados à mão tinha aqui a sua fábrica, antes da mudança para Sintra, no 23 do Largo do intendente que agora ocupamos. E os vestígios notam-se, a herança continua cá. Para vender, temos as reproduções de azulejos que a marca continua a fazer e as preciosas lambrilhas românticas e pitorescas, lembranças que todos apreciam porque também se levam no coração.

O edifício que, em 1849, viu nascer a primeira Fabrica da Viúva Lamego, no Largo do Intendente em Lisboa, totalmente forrado a azulejos, é ainda hoje um dos mais espectaculares da capital. Criando e reproduzindo azulejos pintados à mão desde então, tornou-se uma das mais célebres assinaturas desta arte decorativa que em Portugal se desenvolveu de forma exuberante.

Nos anos 30, as lambrilhas ingénuas e populares assinadas por nomes como Lucien Donnat, Tomás de Melo, Carlos Botelho, Bernardo Marques ou Fred Kradolfer simbolizam a visão de António Ferro, o grande ideólogo da imagem do regime salazarista. E marcam o início de uma relação frutuosa com diversos artistas – como Maria Keil, autora dos fantásticos painéis do Metro de Lisboa nos anos 60. Desde sempre, a Viúva Lamego produz também faiança, pintada à mão, num estilo português inconfundível. Hoje, marca do Grupo Aleluia, continua a exportar para o mundo inteiro.

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