segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O artesão autêntico

"Carlos Oliveira, de 63 anos, vive e trabalha há quase 40 na mesma casa, no Cercal do Alentejo. Entre cactos, trepadeiras e flores coloridas encontramos o seu ateliê recheado de almofadas, tapetes e malas. As mantas alentejanas, que os pastores usavam para se proteger do frio, são fonte de inspiração para as peças do tecelão que cruza a tradição com a modernidade.
Tudo acontece no tear que cabe na sala, à justa. Se as malas demoram três dias a fazer, uma peça maior, como um tapete, pode tardar até três meses a terminar, tal é a minúcia. Carlos vê-se cada vez mais aflito para dar resposta a todos os pedidos. “Devo ter uma obra em cada ponto do mundo”, conta. Tem muitos clientes na Europa mas também já vendeu para paragens tão distantes como Japão, Canadá, Estados Unidos e até para a Jordânia - a terra-mãe dos tapetes.
As peças em que agora trabalha são de azuis-claros e fortes, vermelhos e laranjas: as criações condizem sempre com as estações do ano, explica. Carlos trocou os ares da serra da Estrela pelos do Alentejo há quase 40 anos e não se arrepende. Nasceu entre as ovelhas e o queijo, foi serralheiro e trabalhou em grandes fábricas de Sines à Holanda, Inglaterra e Argélia mas a paixão foi desde cedo o artesanato.
As malas são o mais recente sucesso da marca que já chegou às lojas A Vida Portuguesa. Foi a companheira inglesa de há oito anos, Monica (a responsável pelas flores e pelos vários vasos que lhe rodeiam a casa), que o convenceu a apostar nas malas - que agora até há em duas versões, para mulher e para homem. Com preços que vão dos 95 aos 175 euros, têm diferentes cores e tamanhos, são cosidas com linha de remendar rede, têm pegas de cabedal e é muito difícil que ardam, por exemplo. Resumindo: são malas para a vida. Para comprar é visitar o site (em alentejoweaving.com), contactar por telefone ou então fazer uma visita à casa perdida no campo, para tardes de longas conversas.
Para conhecer Carlos e as suas peças, basta fazer-se à estrada em direcção ao Cercal e estar atento a pequenas placas de madeira. Ou então visitar o site da Associação de Turismo Casas brancas, que promove a costa alentejana e vicentina e ajuda a fazer a ponte entre os turistas e uma série de personagens e locais de interesse. Desde 2014 que apostam no conceito de Turismo Criativo para que a cultura, a natureza e o património tenham mais visibilidade e para que não escape nada a quem está de visita; principalmente o mais autêntico.”
Maria Espírito Santo
Sábado

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